Rogério do Nascimento, de 54 anos, sofreu ferimentos graves após ser atacado por dois cães da raça pitbull, na tarde da última sexta-feira (17), enquanto caminhava por uma calçada em Cambé, no norte do Paraná. Durante o ataque, ele perdeu a visão de um olho e teve a orelha esquerda arrancada.
Imagens de uma câmera de segurança mostram o momento em que os animais escapam da casa da tutora e avançam sobre a vítima. Nas gravações, é possível ver o primeiro cachorro mordendo a perna de Rogério, enquanto o segundo o derruba no asfalto. Moradores da região e a própria tutora correram para socorrê-lo e conseguiram afastar os cães.
Rogério foi levado ao Hospital Universitário (HU) de Londrina, onde passou por cirurgias e permaneceu internado por três dias. Ele recebeu alta médica na segunda-feira (20) e se recupera em casa.
A Polícia Civil do Paraná (PC-PR) abriu um inquérito para investigar o caso como lesão corporal. Segundo a corporação, serão apurados indícios de omissão ou dolo eventual — quando o responsável assume o risco de causar o dano — por parte da tutora dos animais.
Tutora admite responsabilidade, mas diz que portão abriu com o vento
Conforme apurado pelo Portal Juliano Barbosa, com informações do g1 Paraná, a tutora dos animais reconheceu ser responsável pelo ataque, mas afirmou que o portão da residência se abriu com o vento, permitindo que os cães escapassem.
“A gente nunca tranca o portão, só coloca o cadeado. Não tem como adivinhar que ele vai abrir sozinho”, disse.
A mulher relatou ainda que os cães estavam “muito estressados” por permanecerem o tempo todo dentro de casa. Ela afirmou ter tentado adestrá-los para doação, mas não obteve sucesso. Segundo a tutora, um outro ataque já havia ocorrido anteriormente. Desde o novo episódio, ela afirma estar recebendo ameaças.
Prefeitura diz que já havia orientado tutora sobre os riscos
Em nota, a Prefeitura de Cambé informou que equipes de fiscalização e uma veterinária do município haviam visitado a residência da tutora em julho, após denúncias de comportamento agressivo dos cães. Na ocasião, a mulher foi orientada a manter os animais presos e usar focinheira durante os passeios, tendo assinado um termo de compromisso.
A administração municipal disse ainda que está avaliando medidas para retirar os cães do local, em apoio à Polícia Civil e à Polícia Ambiental, a fim de garantir a segurança dos moradores.
“A ação não isenta a tutora dos animais, que poderá ser autuada por negligência e responder civil e criminalmente pelos danos causados”, diz o comunicado.
Caso reacende debate sobre responsabilidade de tutores
O ataque em Cambé reacende a discussão sobre a responsabilidade de tutores de cães de grande porte e raças potencialmente agressivas, como pitbulls, no cumprimento de medidas de segurança. Especialistas em comportamento animal defendem o uso obrigatório de focinheiras e o reforço na fiscalização de lares onde há registros de ataques.
Enquanto se recupera, Rogério tenta lidar com as sequelas físicas e emocionais. “Foi um milagre eu estar vivo”, teria dito a familiares, segundo relatos de vizinhos.

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